O misericordioso alcançará misericórdia

Justiça versus misericórdia. Sobre qual julgamento você está mais feliz ou mais grato em ouvir? Geralmente depende de que lado do julgamento você está, não é? Justiça, de acordo com o Dicionário Webster, é definida como “a manutenção ou administração do que é justo, especialmente pelo ajuste imparcial de reivindicações conflitantes ou pela atribuição de recompensas ou punições merecidas”. Misericórdia é definida como: “compaixão ou tolerância demonstrada especialmente a um ofensor ou a alguém sujeito ao seu poder”. Em outras palavras, a misericórdia é concedida a alguém que não recebe a punição que normalmente seria aplicada por seus erros.

 

Servimos a um Deus que é justo por natureza e, ainda assim, Sua natureza justa harmoniza perfeitamente com outro de Seus atributos perfeitos: misericordioso. Romanos 2:4 nos ensina que é a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento. A natureza santa e justa de Deus requer justiça, mas Tiago 2:13 nos esclarece que a misericórdia é a primeira escolha de Deus. No Antigo Testamento, encontramos repetidos exemplos de Sua misericórdia dirigida a Seus filhos, apesar de sua rebeldia. A suprema demonstração de misericórdia ocorreu quando, mesmo sendo pecadores, o Pai enviou Seu Filho, Jesus Cristo, para morrer em nosso lugar. Merecíamos a morte, pois esta era a punição justa por nossos pecados contra um Deus santo.


No entanto, Jesus assumiu inteiramente essa punição em nosso lugar, abrangendo nossos pecados passados, presentes e futuros. Essa demonstração de misericórdia e graça nos transmite uma importante lição a ser aplicada em nossas vidas: o misericordioso assume a dívida daqueles que recebem misericórdia.

 

Vamos dar um passo além de receber misericórdia – confie nisto: queremos ser misericordiosos. Nas bem-aventuranças, Jesus faz uma promessa aos misericordiosos: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mateus 5:7, NASB). Jesus conta a parábola do servo implacável em Mateus 18. Para resumir, um servo tinha uma dívida tão colossal com seu rei que ele jamais conseguiria pagar. A justiça teria exigido que o servo, juntamente com sua esposa, filhos e todos os seus bens, fossem vendidos para quitar a dívida. O servo, no entanto, implorou ao rei por paciência para que ele pudesse eventualmente pagar. Surpreendentemente, o rei, movido pela compaixão, libertou o servo, perdoando completamente sua enorme dívida. Imagine o alívio indescritível que isso deve ter trazido ao servo e o impacto que teve no tesouro do rei, que aceitou a perda daquela exorbitante quantia sem hesitação. Mas essa é a beleza da misericórdia – da compaixão e do perdão – a liberação do material ou de uma necessidade em troca daquilo que tem valor eterno.

 

Antes que isso seja mal compreendido, é fundamental esclarecer que isso não serve como desculpa para comportamentos perversos. O abuso contínuo, a mentira, a imoralidade sexual e outros atos condenáveis não podem ficar impunes. No entanto, frequentemente, o efeito da misericórdia, especialmente quando demonstrada de forma extravagante, abre caminho para a convicção, e até mesmo para a compaixão e misericórdia em um coração arrependido, à medida que se reconcilia para uma nova perspectiva.

 

Contudo, é importante destacar que Jesus nos alerta sobre as consequências para aqueles que, após receberem misericórdia, não demonstram o mesmo gesto em relação aos outros. Aquele mesmo servo saiu e encontrou um companheiro que lhe devia uma ínfima fração do que foi perdoado, e em vez de cobri-lo de misericórdia como ele recebeu do rei, ele o agarra pelo pescoço e exige o reembolso. O rei ouviu o que o servo tinha feito e o chamou de mau. Depois de repreendê-lo por não ter mostrado misericórdia para com seu companheiro, o servo mau foi entregue aos torturadores e forçado a pagar toda a sua dívida.

Jesus nos diz que o Pai fará o mesmo conosco se não perdoarmos as ofensas dos nossos irmãos e irmãs. Essa advertência é séria! Conceder misericórdia e perdão não significa que toleramos comportamentos prejudiciais ou permitimos que aqueles que nos prejudicaram ocupem um lugar de confiança em nossas vidas.

Significa, simplesmente, que nos libertamos dos efeitos do pecado e do mal, submetendo-nos aos caminhos do Rei dos reis e Senhor dos senhores.

 

Existe alguém em sua vida hoje que você pode libertar de uma dívida? Pode ser uma dívida financeira, mas também pode ser uma dívida emocional. Isso lhe custará antecipadamente, pois a dívida não será paga, mas a liberação será um ato de misericórdia para com você mesmo, à medida que você se liberta de pesos desnecessários, como falta de perdão, amargura, dor e ressentimento. Libere o devedor e receba misericórdia para si mesmo hoje!

 

Com amor,

Todd White

Fundador do Lifestyle Christianity

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